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Como criar uma criança emocionalmente saudável

02/10/2025

Saúde Mental Infantil

Como criar uma criança emocionalmente saudável
Como podemos criar uma criança em um ambiente emocionalmente saudável? No artigo de hoje, iremos debater este tema e trazer exemplos. Psicóloga Gabriela

Como criar uma criança emocionalmente saudável

Cuidar da saúde emocional na infância é uma das tarefas mais importantes na formação de um ser humano. Mais do que garantir boa alimentação, estudos e cuidados físicos, é essencial que a criança aprenda desde cedo lidar com o que sente. Esse processo influencia a forma como ela irá se relacionar com os outros, como enfrentará situações difíceis e até mesmo como construirá a sua própria identidade.

Sob a ótica da psicologia, ajudar uma criança a crescer emocionalmente saudável significa oferecer ferramentas para que ela reconheça e compreenda suas emoções, saiba expressá-las de maneira adequada e desenvolva estratégias para lidar com limites, frustrações e relações sociais. Esse caminho não acontece de forma rápida, mas é cultivado diariamente, por meio do convívio com a família, escola e demais ambientes de interação.  

Abaixo ações que contribuem para a construção da saúde emocional da criança:

O papel da escuta ativa - Escutar uma criança vai além de apenas ouvir suas palavras. É necessário atenção, presença e interesse genuíno. A escuta ativa fortalece o vínculo e ensina a criança que ela pode confiar em seus cuidadores. Isso cria um espaço seguro para que ela compartilhe dúvidas, medos e conquistas. Além disso, essa prática ajuda a criança a desenvolver habilidades de comunicação e empatia, pois ela aprende, pelo exemplo, a também escutar os outros.

Estabelecer limites com afeto - Crianças emocionalmente saudáveis não são aquelas que podem tudo, mas as que aprendem a lidar com limites de maneira segura. A ausência de regras claras pode gerar insegurança, enquanto limites rígidos e punitivos podem causar medo e bloqueio emocional. O equilíbrio está em colocar limites com firmeza, mas sem perder a empatia. Como por exemplo: “Eu sei que você queria brincar mais, mas agora é hora de dormir. Amanhã você terá mais tempo”. Dessa forma, a criança entende que existe ordem e previsibilidade, mas também percebe que seus desejos são respeitados.

O exemplo - As crianças aprendem mais pelo que veem do que pelo que escutam. Se os cuidadores não sabem lidar com as próprias emoções, dificilmente conseguirão ensinar os pequenos a fazê-lo. Demonstrar respeito, pedir desculpas quando necessário, reconhecer os próprios sentimentos e buscar soluções construtivas são atitudes que servem de modelo. Quando a criança observa que os adultos conseguem se acalmar diante de um conflito, expressar tristeza sem se envergonhar ou demonstrar alegria de forma genuína, ela compreende que todas as emoções são válidas e possíveis de serem manejadas.

O estímulo à autonomia e fortalecimento da autoestima - Para que uma criança se torne confiante, é preciso dar espaço para que ela explore, tente, erre e aprenda. A autonomia fortalece a autoconfiança, e cada conquista, por menor que pareça, ajuda na construção da autoestima. Valorizar o esforço, e não apenas o resultado, é essencial. No lugar de dizer “que desenho bonito!”, pode-se comentar: “Gostei de como você usou várias cores, notei que se dedicou bastante”. Esse tipo de reconhecimento ensina que o valor está no empenho e no aprendizado, não apenas na aprovação externa.

Validar é mais importante do que minimizar - Muitas vezes, de forma automática, os adultos acabam diminuindo os sentimentos das crianças com falas como: “não tenha medo”, “deixa de drama” ou “para de chorar”. Embora pareçam inofensivas, essas falas ensinam que sentir é algo inadequado. A validação emocional é o oposto disso, significa acolher e reconhecer o que a criança sente, sem julgamentos. Não se trata de permitir tudo, mas de mostrar que o que ela sente faz sentido. Dizer algo como: “Eu entendo que você ficou chateado porque o brinquedo quebrou, realmente é frustrante” ajuda a criança a dar nome às emoções e a sentir que está sendo compreendida.

Equilibrar cuidado e liberdade - Proteger é necessário, mas a superproteção pode ser prejudicial. A criança precisa experimentar desafios adequados à sua idade para aprender a lidar com frustrações e superar obstáculos. Cair, errar ou se frustrar são experiências naturais e importantes para o desenvolvimento emocional. O adulto desempenha um papel fundamental de apoiar nesses momentos, ajudando a compreender e ressignificar as experiências, e não as evitar a qualquer custo.

Vínculo afetivo seguro – Uma criança que sente acolhimento, proteção e amor cria confiança em si mesma e no mundo à sua volta. Essa sensação começa já nos primeiros meses de vida, quando o bebê percebe que pode recorrer ao cuidador sempre que precisa de conforto, atenção ou cuidado. Responder com sensibilidade às necessidades emocionais da criança, permite que ela entenda que seus sentimentos importam, e de que está em lugar seguro. Esse tipo de vínculo fortalece a autoestima e constrói um alicerce essencial para futuras relações.

Realizar ações como essas pode ser um grande desafio para quem não aprendeu desde cedo essa forma acolhedora e respeitosa, mas saibam que é possível aprender e entender melhor de que forma é possível colocar em prática essas ações visando a saúde da criança. Além dos pais poderem passar por acompanhamento psicológico, é possível realizar orientação parental, como um espaço de acolhimento frente aos desafios do dia a dia dos ensinamentos.
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