A importância do descanso e de pausas no trabalho

Atualmente, vivemos um momento social em que ter a agenda cheia e diversas atividades simultâneas é sinônimo de produtividade, motivo de orgulho e até mesmo algo “ostentado” por algumas pessoas. Tornou-se comum ouvir na clínica pessoas com dificuldade de desacelerar, que precisam estar sempre fazendo alguma atividade e não conseguem parar, chegando a ser angustiante para algumas ter tempo para descansar e poder “fazer nada”. Porém, é preciso entender que o descanso é tão importante quanto dar conta de todos os compromissos da agenda e deve ser priorizado como um compromisso pessoal, com sigo mesmo.

Descansar é uma necessidade fundamental para a saúde física, mental e emocional do trabalhador. O descanso contribui para a recuperação do corpo e da mente, prevenindo adoecimentos e promovendo aumento da qualidade de vida (Organização Internacional do Trabalho, OIT).

É importante ressaltar que o descanso não é vivido da mesma forma por todas as pessoas, havendo diferenças nas demandas, possibilidades e significados de pausa conforme classe social, raça, gênero e outros fatores/marcadores. Historicamente, mulheres e pessoas negras costumam ter menor acesso e possibilidade de pausas e sofrem maior pressão por resultados.

Exaustão, estresse crônico, ansiedade, depressão e burnout são algumas das possíveis consequências causadas pelo trabalho sem pausas adequadas. Pausas regulares melhoram o foco, reduzem a fadiga, aliviam tensões musculares e facilitam a regulação emocional, reduzindo os riscos de que o trabalho leve ao sofrimento psíquico e/ou a lesões por esforços repetitivos (LER/DORT). 

Empresas têm a responsabilidade de garantir pausas efetivas para seus trabalhadores, respeitando os limites mentais e físicos do ser humano. Políticas públicas (como as da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT) definem direitos para pausas e descanso, mas muitas vezes esses direitos ainda são negligenciados na prática. 

Promover pausas e espaços de relaxamento no ambiente de trabalho ajuda a fortalecer vínculos interpessoais, melhorar a comunicação e tornar o ambiente mais acolhedor e saudável, contribuindo para a satisfação e engajamento dos profissionais. Além disso, estimular a escuta das necessidades reais dos trabalhadores sobre pausas e jornadas e incluir suas vozes nas decisões é uma prática fundamental para promoção de melhores condições de trabalho, que reconhece e respeita os sujeitos e suas singularidades.