Racismo estrutural: como identificar e como combater?
No artigo anterior, conversamos sobre o que é racismo estrutural e como ele pode afetar a saúde mental das pessoas, mas você consegue identificar como ele se expressa no dia a dia? De um modo geral, o racismo pode se manifestar de muitas formas, seja em situações mais explícitas ou de formas sutis e bem disfarçadas, onde pode passar quase despercebido.
De forma individual/pessoal, pode aparecer em pensamentos e ações cotidianas, como: estranhar ao perceber a presença de pessoas negras ou não brancas em determinados espaços ou ocupando determinados cargos; discriminação velada; “piadas”, comentários ou pensamentos que reforçam estigmas e estereótipos que segreguem, desvalorizem ou excluam pessoas negras e não brancas. Exemplo: estar em uma instituição de saúde e não considerar que o profissional negro pode ser formado e capacitado para determinada função, como ser o médico que irá lhe atender.
Em espaços institucionais, pode aparecer na naturalização de práticas e de determinados padrões, como: não haver pessoas negras e não brancas em cargos de liderança ou estas estarem em um quantitativo muito menor que as pessoas brancas; desigualdade salarial entre pessoas de diferentes raças que ocupem a mesma função; desigualdade de acesso à educação e saúde.
De modo político e social, aparece na ausência de políticas públicas de inclusão, na manutenção de privilégios históricos para as pessoas brancas e na falta de representatividade de lideranças negras e não brancas em espaços políticos e de decisão, por exemplo. É importante lembrar que, segundo dados do IBGE (2022), a população negra representa 56,1% da população brasileira e, ainda assim, mesmo sendo a maior parte dos brasileiro, pessoas negras seguem sendo as mais atingidas pelo desemprego e pela precarização do trabalho, as que menos têm acesso a saneamento básico e que enfrentam condições de moradia mais precárias e, também, são as pessoas que mais sofrem violência letal, sendo o número de mortalidade de pessoas negras no Brasil muito maior que o de pessoas brancas.
Apesar de fazer parte das raízes sociais, é possível combater o racismo estrutural, mas, para isso, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista. Ainda que você não se considere uma pessoa racista, por ser uma condição estrutural e naturalizada socialmente, é possível ter falas e ações preconceituosas sem nem perceber, o que faz com que seja necessário se aproximar de conteúdos, práticas e pessoas que discutam a pauta antirracista.
Algumas práticas de combate ao racismo estrutural são:
-Reconhecê-lo como um problema social e de saúde pública.
-Observar e questionar a ausência de pessoas não brancas nos seus espaços sociais e se há algo que possa ser feito em relação a isso.
se você é uma pessoa branca, reflita, identifique e reconheça seus privilégios e como eles influenciam sua vida.
-Ainda que você não se considere racista, ser uma pessoa branca é inevitavelmente ter algumas vantagens e facilidades de acesso em nossa sociedade. Então, cabe se questionar: como você pode usar essas vantagens e acessos a favor da luta antirracista?
-Lembre-se sempre que a luta antirracista não significa lutar contra pessoas brancas e sim contra a estrutura de funcionamento de uma sociedade racista.
-Ainda que você seja uma pessoa antirracista, lembre-se que, sendo uma pessoa branca, não é possível entender/acessar o sofrimento de quem sofre racismo.
-Quando houver necessidade de algum atendimento especializado, considere buscar por especialistas não brancos, como médicos, advogados, dentistas, nutricionistas, arquitetos, engenheiros, entre outras profissões.
-Atente-se para evitar termos e expressões racistas como: denegrir; lista negra; morena(o); mulata(o); a coisa tá preta; não sou tuas negas;
-Se posicione em situações que presenciar racismo.
-Ouça com atenção e não duvide quando uma pessoa não branca disser que sofreu racismo ou que alguma fala ou termo expressa preconceito.
Como mencionado anteriormente, combater o racismo estrutural deve ser entendido como um compromisso coletivo e uma prioridade social, visto que é um problema de todos e não apenas das pessoas que sofrem com ele.
Referências:
https://www.terra.com.br/nos/racismo-estrutural-significado-exemplos-e-como-e-no-brasil,8c904a0ad1863d5f6c6c5e0871ee7921ni7x89ot.html#google_vignette
https://diversihub.einstein.br/etnias/o-que-e-racismo-estrutural/
https://www.ibge.gov.br/