Racismo estrutural: o que é e como afeta a saúde mental?
Segundo o filósofo Silvio Almeida, o racismo estrutural é um sistema que naturaliza e legitima a dominação racial, ele está presente em todas as relações sociais, políticas, econômicas e culturais. O filósofo o descreve como “uma forma sistemática de discriminação que tem a raça como fundamento e que se manifesta por meio de práticas conscientes ou inconscientes que culminam em desvantagens ou privilégios, a depender do grupo racial ao qual pertençam”.
Um ponto importante para entender o racismo estrutural é compreender o que afirmamos ao classificá-lo como “estrutural”. Quando falamos que uma característica é estrutural em nossa sociedade, estamos dizendo que ela compõe a estrutura que forma a sociedade e os indivíduos que fazem parte dela. Ou seja, o racismo é estrutural porque a sociedade se construiu tendo como norma um funcionamento racista e, por funcionar assim, também constrói sujeitos e relações pessoais/sociais estruturadas pelo racismo. Ou seja, o racismo estrutural são práticas, normas, políticas e valores que atravessam historicamente o funcionamento social, as pessoas e as relações, privilegiando determinados grupos sociais (pessoas brancas) e marginalizando outros (pessoas negras, indígenas, entre outras).
O racismo estrutural expõe pessoas negras a uma carga constante de estresse psíquico, não apenas por episódios pontuais de discriminação, mas por um modo contínuo de existir em uma sociedade que nega a elas pertencimento e as desumaniza. Esse contexto gera sentimentos de humilhação, silenciamento, hipervigilância, medo e insegurança, afetando profundamente a autoestima e a identidade.
A exposição contínua ao racismo pode desencadear transtornos como ansiedade, depressão, síndrome do pânico, transtorno de estresse pós-traumático e sofrimento psíquico difuso. Muitas vezes, esses sintomas são entendidos como problemas individuais, mas refletem dores históricas e coletivas. O racismo estrutural também pode resultar em sintomas físicos, como taquicardia, hipertensão, insônia e fadiga, além de aumentar a vulnerabilidade ao suicídio, especialmente entre jovens negros.
A sensação de exclusão, falta de pertencimento e a constante necessidade de provar valor geram um ambiente de insegurança emocional e social, dificultando o acesso a oportunidades e agravando o sofrimento mental. Combater o racismo estrutural deve ser entendido como um compromisso coletivo e uma prioridade social, visto que é um problema de todos e não apenas das pessoas que sofrem com ele.
Referências:
https://diversihub.einstein.br/etnias/o-que-e-racismo-estrutural/
https://saude.rs.gov.br/secretaria-da-saude-alerta-que-o-racismo-e-fator-de-risco-para-suicidio-entre-a-populacao-negra
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/como-o-preconceito-racial-afeta-a-saude-mental-da-populacao-negra/