SIGA-NOS

Seletividade alimentar no TEA: Como a Psicologia pode ajudar?

20/08/2025

Saúde Mental

Seletividade alimentar no TEA: Como a Psicologia pode ajudar?
A psicologia tem um papel importante na ajuda da seletividade alimentar, porém não é o único recurso. No arigo de hoje, iremos explorar essa tema. Psicóloga Rafaela

Seletividade alimentar no TEA : Como a Psicologia pode ajudar ?

Muitos responsáveis por crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) percebem que a hora da refeição pode ser um desafio. A chamada seletividade alimentar é bastante comum nesse contexto e pode se manifestar como recusa de determinados alimentos, aceitação restrita a poucas opções ou até preferência exagerada por um único tipo de comida. Estima-se que entre 40% e 80% das crianças com TEA apresentem algum nível de seletividade alimentar.

As razões para esse comportamento são variadas. Questões sensoriais, como a rejeição a certas texturas, cheiros ou cores, estão entre as mais frequentes também podem influenciar fatores culturais e experiências anteriores com a alimentação. O resultado, muitas vezes, é uma dieta pouco variada, que pode afetar o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional da criança.

É nesse cenário que a psicologia pode desempenhar um papel importante. O acompanhamento psicológico oferece à criança e à família um espaço de acolhimento, escuta e construção de estratégias para lidar com a ansiedade, a rigidez comportamental e a dificuldade de aceitação de novidades. O psicólogo pode ajudar os pais a compreenderem que a seletividade não é “birra”, mas sim parte das características do TEA, e que exige paciência e intervenções adequadas. Além disso, oferecer suporte emocional à família pode contribuir para tornar o momento das refeições menos estressante e mais saudável.

No entanto, é importante lembrar que a seletividade alimentar não deve ser enfrentada apenas pela psicologia. Uma equipe multiprofissional é essencial: nutricionistas podem orientar sobre alternativas seguras e equilibradas; terapeutas ocupacionais, por meio da integração sensorial, ajudam na adaptação a diferentes texturas e sabores; pediatras e fonoaudiólogos também podem contribuir de forma decisiva.

Ou seja, quando diferentes profissionais trabalham juntos, a criança recebe um cuidado integral, que respeita suas particularidades e amplia suas possibilidades de desenvolvimento. O papel da psicologia, nesse processo, é articular-se com os demais saberes, ajudando a família a lidar com os aspectos emocionais e comportamentais da seletividade.

Enfrentar a seletividade alimentar no TEA é um caminho que exige tempo, cuidado e colaboração. Com apoio adequado, as refeições podem deixar de ser um momento de tensão para se tornarem uma oportunidade de vínculo, aprendizado e saúde.

Referências
CARVALHO, J. et al. Nutrição e Autismo: considerações sobre a alimentação do autista. Araguaína, 2012.
GAMA, B. T. B. et al. Seletividade alimentar em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA): uma revisão narrativa da literatura. Revista Artigos.Com, v. 17, 2020.
ROCHA, G. et al. Análise da seletividade alimentar de crianças com Transtorno do Espectro Autista. Maranhão, 2019.
SUAREZ, M. Sensory processing in children with autism spectrum disorders and impact on functioning. Western Michigan University, p. 204-211, 2013.
Categorias